Mais de 30 milhões de trabalhadores brasileiros ganham até um salário mínimo. É o dinheiro que têm para sobreviver e sustentar a família. E esta realidade tem componentes que tornam a situação ainda mais dramática. É fato que grande parte da inflação afeta mais fortemente essa faixa da população. Também é fato que do total de 30,2 milhões de trabalhadores que recebem até R$ 1,1 mil, quase 20 milhões são negros.
A pesquisa feita pela consultoria IDados com base nos Indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) do segundo trimestre aponta que este é o patamar mais alto já apurado desde o início da série histórica, em 2012. O estudo também revela que quando os brasileiros conseguem algum tipo de trabalho, na informalidade ou por conta própria, são mal remunerados.
O que as pessoas encontram hoje é uma realidade completamente diferente da que existia antes da pandemia. É um mercado em que muitas empresas faliram, quebraram e grande parte das opções de emprego não existe mais. Os trabalhadores se veem obrigados a ter um rendimento menor do que se tivessem carteira assinada. E as dificuldades aumentam porque o orçamento é corroído pela alta de alimentos, energia elétrica e combustível.
Alternativas precisam ser pensadas e colocadas em prática para tornar esse longo caminho de inclusão produtiva mais curto e menos doloroso. É urgente que se estude, dentre outras medidas, a atualização da legislação trabalhista, passando pela formação profissional gratuita e pela desoneração da folha de salário dos mais pobres.