Nas Olimpíadas de Paris 2024, a busca por medalhas destaca uma característica peculiar da delegação brasileira: a presença massiva de atletas militares. Eles são cerca de um terço dos que representam o Brasil nos Jogos de Paris e este fato não é isolado. Nas últimas três edições das Olimpíadas, o país viu uma participação crescente de atletas das Forças Armadas, refletindo uma política de investimento e suporte que tem dado frutos significativos.
A inserção de militares no esporte de alto rendimento vem acontecendo desde 2008, com as Forças Armadas brasileiras intensificando esforços para apoiar o desenvolvimento de atletas, principalmente através do Programa de Alto Rendimento (Paar). A proposta visa identificar e desenvolver talentos esportivos dentro das fileiras, proporcionando condições ideais para o treinamento, além de estabilidade financeira e suporte logístico.
Para muitos, a carreira militar oferece uma alternativa robusta às dificuldades encontradas no esporte nacional. A garantia de um soldo, o acesso a instalações de treinamento de boa qualidade e a possibilidade de competir internacionalmente são alguns dos atrativos que levam atletas a se alistarem. Além disso, estes esportistas agregam a disciplina, a dedicação e os valores das Forças Armadas as suas práticas esportivas, o que tem se mostrado um diferencial competitivo.
Nas últimas três edições das Olimpíadas, a participação de atletas militares foi muito importante para o desempenho do Brasil. Em Tóquio 2020, por exemplo, dos 302 esportistas brasileiros, 91 eram militares. Esse contingente foi responsável por uma parte significativa das medalhas conquistadas pelo país. Atletas como Ana Marcela Cunha, campeã olímpica na maratona aquática, e Isaquias Queiroz, medalhista na canoagem, são exemplos que se beneficiaram do apoio militar.
Nesta edição do evento já tivemos atletas militares conquistando resultados de destaque e trazendo medalhas para a nação. Jade Barbosa, Flávia Saraiva e Lorrane Oliveira conquistaram o bronze por equipes na ginástica artística. Beatriz Ferreira também foi bronze no boxe e Caio Bonfim levou a prata na marcha atlética. Destaque para o judô com o ouro de Beatriz Souza, a prata de William Lima e o bronze de Larissa Pimenta.
Os resultados expressivos não são apenas números, mas histórias de superação e sucesso que inspiram tanto o meio esportivo quanto a sociedade em geral. O sucesso dos atletas militares nas Olimpíadas de Paris 2024 certamente reforçará a importância do Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas. No entanto, é fundamental que o Brasil amplie seu olhar e suas políticas para incluir e desenvolver talentos em todo o espectro esportivo, desde a base até o alto rendimento, dentro e fora do contexto militar. A diversidade de apoio e investimento é crucial para que o Brasil possa se consolidar como uma potência esportiva global.
Enquanto as Forças Armadas continuam a desempenhar um papel vital, o desafio é integrar esses esforços com políticas públicas abrangentes que promovam o esporte em todas as camadas da sociedade. Somente assim o país poderá garantir que seus atletas, independentemente de serem militares ou civis, tenham as melhores condições de desenvolver o talento, alcançar o potencial máximo e brilhar em competições internacionais.