A pandemia trouxe um fardo pesado para a economia mundial. No Brasil deve ser atingida este ano a triste marca de 61 milhões de pessoas vivendo na pobreza e 19,3 milhões em carência extrema. Os números constam do estudo publicado pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo. É claro que a crise sanitária só agravou uma situação que já vinha se delineando nos últimos anos.
Traduzindo os números, podemos concluir que em 2021, o nosso país terá 9,1 milhões de pobres a mais do que antes da chegada do coronavírus. Em 2019, os brasileiros vivendo na linha da pobreza somavam 51,9 milhões. Quanto aos extremamente pobres, no ano anterior à pandemia, eram 13,9 milhões. Isto significa que, em apenas dois anos, 5,4 milhões de brasileiros se juntarão ao grupo que convive com essa situação extrema.
Atualmente são consideradas pobres as pessoas que vivem com uma renda mensal por pessoa inferior a R$ 469 por mês, ou US$ 1,90 por dia, conforme critério adotado pelo Banco Mundial. Já os extremamente pobres são aqueles que contam com menos de R$ 162 mensais.
Na verdade, o agravamento da situação só não ocorreu em 2020 porque o governo federal concedeu o auxílio emergencial, que variou de R$ 600 a R$ 1.200. Os valores permitiram que uma parcela significativa da população mantivesse um nível mínimo de consumo.
Agora, a situação é outra e consegue se tornar ainda pior com a constatação de que mulheres e população negra são as mais afetadas por essa grave piora das condições de vida no país.
É fundamental a continuação do auxílio emergencial enquanto a pandemia durar e, na medida do possível, abranger mais pessoas necessitadas. Recentemente, estive com o ministro da Cidadania, João Roma, justamente para levar ao seu conhecimento o pleito de cidades paulistas que precisam de apoio financeiro no combate à fome da população de extrema vulnerabilidade.
É preciso destacar que as medidas de ajuda têm efeito macroeconômico porque o problema não é apenas dos mais pobres, mas do Brasil como um todo.