Diante de uma disputa conflituosa na maior cidade do país, o eleitor demonstrou, não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, que discursos agressivos sem nenhum embasamento não têm mais vez. O cidadão entendeu que a promoção pessoal não cabe no cenário político.
Candidatos que se dizem “contra o sistema”, não obtiveram sucesso nas urnas. Isso é um recado. Recado de que o eleitor sabe que não é possível fazer política baseada em utopias e que isto não é aplicável ao mundo real. Ou seja, não traz benefícios para a nossa sociedade.
Nos últimos momentos antes da eleição propriamente dita na capital paulista, por exemplo, houve tentativa de utilização de práticas que não são republicanas em prol de um cargo. Após ações do Judiciário contra um determinado candidato, que obviamente tentou capitalizar em cima de tal fato, a resposta veio das urnas. O eleitor não referendou tal prática e não comprou o discurso de perseguição.
Da mesma forma, candidatos que pulam de galho em galho também tiveram resposta negativa. Não se trata de trocar de partido, o que é corriqueiro e normal. O problema é se filiar a correntes políticas que estão em voga somente para se aproveitar de tal situação. O que se observou com quem adotou tal conduta foi um derretimento nas urnas.
Na política, é necessário levantarmos bandeiras e propor políticas que acreditamos que possam ser benéficas para nossa nação. No entanto, isso não invalida o ponto de que precisamos dialogar com todos, mesmo que possuam diretrizes ou visões completamente opostas as nossas. Essa é a verdadeira política.
Outro ponto fundamental que foi rechaçado é a promessa da prosperidade pessoal, tão decantada por alguns nesse pleito, mas que depende fundamentalmente de cada um e da sua fé. Não cabe depositar tal esperança em políticos. Nossa função é criar mecanismos para facilitar o cidadão a ter uma vida mais digna e alcançar seus objetivos. Isso é completamente diferente de pedir votos para levar o eleitor ao caminho do sucesso.
Porém, nem tudo foram flores nesta eleição. Primeiramente, é interessante notar que a taxa de abstenções foi a 2ª mais alta desde 2000, perdendo somente para o último pleito, em que ainda sentíamos os efeitos da pandemia do coronavírus. Esse resultado mostra uma insatisfação popular.
É necessário reforçar que votar é fundamental para exercer a cidadania. O voto demonstra que o cidadão é quem verdadeiramente detém o poder em suas mãos e quem pode propor alterações no país, elegendo seus representantes para tal. Portanto, para que essa voz seja ouvida, é necessário exercer esse direito fundamental.
Outro alerta são os crimes eleitorais. Mais de 2.500 infrações foram registradas em todo o país, com prisões em flagrante de vários candidatos. É necessário reforçarmos que certas condutas não cabem mais e só prejudicam a democracia.
Mesmo com esses tópicos negativos, é inegável que as eleições de 2024 foram um sucesso. O movimento nas zonas eleitorais fluiu com tranquilidade e quem foi exercer seu direito, conseguiu fazê-lo sem problemas.
Por fim, o que merece mesmo ser destacado é a consciência do eleitor. A maioria conseguiu discernir discursos vazios, de propostas que podem efetivamente trazer benefícios para a sociedade, sem agressões pessoais. É disso que se trata a verdadeira política: propor medidas que sejam eficazes para o povo e promover o diálogo. Não vender ilusões.