A que ponto chegamos com o preço médio do botijão de gás se aproximando de R$ 150 e grande parte da população tendo que parcelar o produto em até dez vezes no cartão de crédito. Uma situação absurda, partindo-se do princípio de que o consumo é mensal, ou seja, quando a primeira parcela estiver vencendo, o consumidor estará contraindo uma nova dívida e assim, sucessivamente.
O aumento de 16,1% aplicado pela Petrobras na semana passada já foi repassado aos consumidores na maioria dos estados. Também foram reajustados os preços da gasolina (18,8%) e do óleo diesel (24,9%).
Levantamento feito pela própria Agência Nacional do Petróleo mostra a escalada desenfreada dos preços. O valor médio do botijão de gás no país era de R$ 102 na semana de 6 a 12 de março. No estado de São Paulo, o botijão custava R$ 100, em média. Na capital paulista, R$ 97.
No ano passado, os aumentos também não deram trégua, o que vem gerando crise no setor de revenda, com queda de até 25% no consumo, além de 40% de demissões nos últimos dois anos. O reajuste dos outros combustíveis também acaba por afetar o segmento, porque fica mais caro entregar o produto, obrigando o próprio consumidor a fazer a retirada.
A situação é tão grave que está provocando mudanças de hábito, como utilizar lenha para cozinhar, o que é muito perigoso. A política do pagamento do auxílio gás pelo governo federal agora é insuficiente. O programa, que entrou em vigor em dezembro, fornece um vale de R$ 52 para famílias de baixa renda.
Além do gás de cozinha, também é preocupante os aumentos da gasolina e do diesel que, com toda certeza, vão impactar os preços dos alimentos e da maioria dos produtos e serviços. É lamentável que num momento tão crucial para a economia brasileira, agravada pela pandemia e pela guerra, a Petrobrás tenha preterido o diálogo, optando pela indiferença ou pela insensibilidade para com os problemas da população.
Cabe destacar que o governo sancionou a lei que unifica a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis em todo o país, incluindo o gás natural e o querosene de aviação. A lei também reduz a zero as alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins sobre os combustíveis. As duas contribuições são federais, enquanto o ICMS é estadual. Governo e Congresso estudam ainda a adoção de novas medidas para conter os aumentos que tanto impactam a vida dos brasileiros.