Todo mundo sabe que o impacto do aumento dos combustíveis não atinge somente quem precisa encher o tanque do carro. O efeito cascata pressiona custos como o do transporte público e do frete, com reflexo sobre os preços, principalmente dos alimentos. E esta situação de novo atormenta a vida dos brasileiros, como se não bastassem as consequências geradas pela pandemia.
O preço médio da gasolina subiu pela 7ª semana nos postos do país, de acordo com levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Nos 4.390 postos pesquisados pela ANP, o preço máximo da gasolina passou dos R$ 7. A agência também apurou que o valor médio do litro do diesel aumentou para R$ 4,70, mesmo valor atingido pelo etanol.
Os combustíveis, portanto, voltam a ser vilões da inflação, responsáveis por afetar duramente o orçamento das famílias, que já vinham enfrentando a alta dos alimentos e da energia elétrica. No ano, segundo o IBGE, a gasolina acumula uma alta de 31,09%.
Para a maioria dos brasileiros, não interessa se os preços de venda dos combustíveis seguem o valor do petróleo no mercado internacional e a variação cambial. Não tem relevância o embate entre os governos sobre a redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Não vem ao caso se a moeda brasileira perde valor diante da incerteza dos investidores quanto aos rumos da política econômica.
Para as famílias que lutam com dificuldade para sobreviver, o que realmente importa é poder levar comida à mesa, é ter a certeza de que não engrossarão as estatísticas dos que sentem a dor da fome, é ver cumprido pelo Estado o direito humano à alimentação, assegurado na Constituição. E este tem que ser o foco.